COLUNA JC/BH – Tempo de Compartilhar

Por Bernardo Farkasvölgyi  //

Compartilhar é um conceito que hoje permeia todos os mercados. Dos patinetes aos coworkings, seja pela otimização do tempo, melhoria da qualidade de vida ou redução de custos, surgem cada vez mais serviços e espaços de compartilhamento. Um conceito que, obviamente, tem reflexos claros na forma de pensar a arquitetura.

Da década de 1970 até hoje, a Farkasvölgyi Arquitetura realizou centenas de projetos de multi-residenciais, notando a clara evolução e as grandes mudanças sofridas no mercado imobiliário. Há uma demanda crescente por unidades habitacionais cada vez mais atentas à funcionalidade, tecnologia, sustentabilidade ecológica e atenção ao contexto histórico e cultural no qual estão inseridas. Mas seja dos apartamentos amplos, ícones do bem-viver tradicional, aos novos prédios com lofts e studios supercompactos, são as áreas comuns que vêm se tornando cada vez mais protagonistas.

Juntamente com o desejo por espaços polivalentes – onde privado e profissional se coincidem e levam ao desejo por apartamentos com plantas sempre mais flexíveis e capazes de se adaptar à forma de viver de cada um – as pessoas hoje buscam a possibilidade de utilizar espaços de uso comum, da lavanderia às áreas gourmets, de um salão de beleza ou um espaço pet no próprio prédio a um estúdio para fotografar, gravar uma videoaula ou produzir conteúdo de melhor qualidade para alimentar as redes socias.

A partir desta análise breve das tendências imobiliárias atuais, a tarefa do arquiteto de sair da perspectiva tradicional do design surge claramente. Para enfrentar os novos desafios, não é mais suficiente, ou talvez nunca tenha sido, apenas oferecer um bom projeto padrão. Torna-se obrigatório o desenvolvimento de habilidades mais amplas, a fim de entender completamente as novas necessidades e ser capaz de dar as respostas certas, em termos de tipologia, flexibilidade funcional, materiais, engenharia de instalações, usabilidade, sustentabilidade e a relação entre vida e mobilidade.

É responsabilidade do arquiteto compreender as transformações pelas quais passa a sociedade e repensar esses espaços, tendo em vista o surgimento de novos costumes e novas formas de interação das pessoas entre si e com o espaço que escolhem para chamar de casa.

 


JORNAL DA CIDADE – BELO HORIZONTE / Edição de 20 a 26 de setembro de 2019

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