IMPRENSA – Paulo Navarro entrevista Bernardo Farkasvölgyi
ARQUITETURA DE VIVER //
JORNAL O TEMPO – Por Paulo Navarro //
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Bernardo Farkasvölgyi é um dos mais reconhecidos arquitetos brasileiros. Dirige a Farkasvölgyi Arquitetura, 46 anos de mercado, mais de mil projetos realizados. Premiado no Brasil e no exterior, o que acharíamos em seu sangue? Cimento, ferro, vidro, poesia ou formas? “Mais poesia e formas. Os materiais de nada serviriam, sem a poesia e sem as formas, para o desafio de criar algo único”, afirma o arquiteto.
Como filho de arquiteto húngaro, você conhece a Hungria, gosta do “antigo”? Da Europa?
Conheço e sou apaixonado pela terra natal do meu pai. Farkasvölgyi é um sobrenome de arquitetos, e represento a quarta geração da família. Quanto ao antigo, gosto e considero. Vejo as cidades como um mosaico, contando várias histórias de épocas diferentes que, juntas, formam a inteira e rica história de um lugar.
Belo Horizonte tem pouca história, monumentos e arquitetura. Por que aqui, ao contrário da Europa, o centro da cidade é tão negligenciado?
A história de BH é recente, mas significativa. O diálogo entre novo e antigo é estimulante. Quanto ao centro, na Europa tudo se volta à requalificação dele. Eles têm um peso que aqui é ignorado. Estranho, pois é onde se encontra a melhor infraestrutura urbana: água, luz, esgoto.
Teu pai, István Farkasvölgyi, Niemeyer, Calatrava, Lloyd Wright, são referências ou apenas fotos em livros?
Referências no meu inconsciente, mas, falando do meu pai, sempre respirei a sua arquitetura lógica e sensível.
Tradição e tecnologia fazem um bom coquetel?
Eu só projeto à mão, mas a Farkasvölgyi Arquitetura está na ponta da tecnologia. Ou seja, meus projetos nascem a partir de lápis e papel e, em seguida, conversam com o que há de mais avançado no desenvolvimento arquitetônico. Excelente coquetel.
O que é a plataforma BIM, que rima com CAM?
O Building Information Modeling (BIM) é uma tecnologia que permite criar modelos virtuais completos e precisos de um projeto construtivo em todas as suas fases, de forma global. O projeto da Arena MRV só se tornou possível porque foi realizado em BIM.
Outra rima: Turismo de negócios Expo Park Pampulha, Domani, All Business Center e o Medplex.
Temos vocação para o turismo de negócios, mas onde estão os espaços? O Expominas atende apenas feiras, e o Minascentro está fechado. O Expo Park foi pensado para feiras, convenções, eventos de todos os tamanhos, incluindo inúmeros auditórios e acrescentando a hotelaria. Um investimento privado de R$400 milhões! Por que ainda não se tornou realidade? É motivo de perplexidade. Domani, ABC e Medplex (todos projetos premiados no exterior) promovem uma interação entre espaços públicos e privados, sem muros ou cercas.
Tom Jobim tem uma linda música chamada “Arquitetura de Morar”. Como se chama a tua?
A música de Jobim é sinuosa, repleta de nuances e descreve bem o fazer e o viver arquitetônico. Minha arquitetura é paixão, qualidade de vida. Não projeto para mim, mas para o mundo.