Coluna Bernardo Farkasvölgyi

UMA CIDADE PARA O FUTURO

Por Bernardo Farkasvölgyi //

“E tudo procede como o imprevisto”. Talvez assim a gente tenha que definir o início deste 2020. Das chuvas em volumes jamais vistos até a pandemia do COVID-19, que está em seu pleno percurso, causando (e prometendo causar) consequências sem precedentes. Esses eventos tão marcantes levam exatamente ao tom que eu gostaria de dar não somente a esta coluna (o assunto é amplo), mas a todas que se seguirão durante o ano. O tom em questão envolve reflexão sobre o futuro, união de forças e o fato de que, sim, todos temos que fazer a nossa parte.

É bem provável que neste momento você esteja ligado no noticiário ou tentando descobrir onde encontrar mais álcool em gel… Estamos todos assim! Uma humanidade tentando levar a vida normal, ao mesmo tempo que com tantas preocupações em mente. Mas já parou para pensar que essas são preocupações ligadas justamente ao fato de vivermos em sociedade e dividirmos, em tantos, os mesmos espaços, ou seja, nossas cidades? Feita a primeira pergunta, lanço outras às quais eu queria chegar: como você vê a nossa cidade no futuro? Como serão os espaços urbanos daqui 10, 20, 30 anos?

Você sabia que até 2050 cerca de dois terços da população mundial estarão vivendo em metrópoles? Esse deslocamento demográfico significa que é particularmente importante para as grandes cidades começar a se preparar, prevendo melhorias que, entre outras coisas, envolvem estratégias a longo prazo, inovação

Qual o papel da arquitetura neste contexto? Essencial! Não podemos mais imaginar um ambiente doméstico, um edifício ou inteiros bairros sem levar em consideração as mudanças que estão ocorrendo e aquelas que estão por vir. Entram em cena novas técnicas e materiais aplicados à construção civil, gestão inteligente dos recursos na hora de edificar, questões ambientais e mobilidade, bem como soluções ligadas à sustentabilidade, à administração de resíduos, à reciclagem e ao uso racional de energia e água.

Não pense que daqui a alguns anos as cidades serão como aquelas dos filmes de ficção científica. Ainda andaremos em estradas horizontais e viveremos dentro de casas e edifícios. Acontece que centros como Belo Horizonte, São Paulo, Nova Iorque ou Roma deverão mudar continuamente em termos funcionais. Toda cidade – seja aqui, na Europa ou na Ásia – deverá almejar ser cada vez mais eficiente, saudável e conectada.

O assunto é vasto e vamos continuar nos aprofundando. “Uma cidade para o futuro” será o tópico aqui para 2020. Um tema urgente, importante, coerente com tudo o que estamos vivendo. Conto com as opiniões, comentários e relatos de vocês para pensarmos juntos uma BH cada vez melhor, preparada para um cenário desafiador que se desenha à sua frente.

Só para recordar, ao falar de arquitetura e urbanismo estamos continuamente buscando compreender a vida de cada um de nós, colocando em debate desde o que representa viver e morar bem em nível individual para, a partir daí, ampliar esse conceito para a coletividade, discutindo aquele espaço que pertence a todos: a cidade. Se neste instante o debate gira em torno do futuro da humanidade diante de um risco real, que a gente não se esqueça de incluir na conversa o lugar onde vivemos. Está tudo interligado e hoje sabemos mais do que nunca.


JORNAL DA CIDADE BH / Edição de 19 de março de 2020

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